quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A metamorfose de Roberta Sá

O título do novo trabalho da cantora Roberta Sá tem tudo a ver com seu momento. Em "Segunda Pele", disco que chega às lojas de todo o Brasil (e no i-Tunes) no próximo dia 24 de janeiro, ela prova e comprova que não é só o samba que alimenta sua música. Mudar fez bem à potiguar radicada no Rio de Janeiro, que mostrou segurança ao se lançar em um projeto completamente diferente dos quatro álbuns lançados anteriormente.

Roberta Sá transborda sensualidade e tropicalismo em novo momento de sua carreira. O figurino, aliás, é assinado pelo renomado styling paulista Daniel Ueda
O samba ainda está lá, é perceptível e serve como base em algumas passagens, mas Roberta arriscou e acertou ao investir em sonoridades embaladas com perfil MPB, onde a diferença está no frescor temperado por orquestra, percussão, metais e música eletrônica.

Roberta Sá, que também assina como co-autora em uma das doze faixas do disco, canta e esbanja sensualidade e diz que o novo CD reflete sua fase passional. "Me perguntaram o que estou lendo e respondi que a literatura de Hilda Hilst me acompanhou durante todo o processo de produção, é dela que bebo nessa fonte emocional" - "Segunda Pele" deixa para trás o pudor e inocência vistas nos discos anteriores e mostra Roberta como mulher que transborda sensualidade e tropicalismo. O figurino da cantora é assinado pelo renomado styling e estilista paulista Daniel Ueda.

Em março a cantora faz show em Natal em plena campanha para divulgar nacionalmente o lançamento de "Segunda Pele", que chega ao mercado pela gravadora 'MP,B' com distribuição da Universal Music e patrocínio da Natura Musical através de edital público lançado em 2010, a cantora conversou por telefone com a TRIBUNA DO NORTE na manhã de ontem, e contou como foi o processo de produção e a busca pelo novo perfil. "Acabei de fazer 30 anos e ganhei a liberdade criativa de presente. Sinto que estou pronta para arriscar e preferi oferecer algo diferente para o público. É a Roberta de sempre, com uma pele nova", brinca. O resultado poderá ser conferido pelos natalenses no dia 4 de março, quando Roberta Sá desembarca com banda completa para única apresentação no Teatro Riachuelo (ingressos já à venda).

O novo show estreia em Salvador no dia 1º e passa por Recife antes de chegar ao RN. "A ideia era estrear aí em Natal, mas por questões geográficas a logística seria mais complicada." Para satisfazer a própria cantora e agradar o público, ela adiantou que o repertório terá músicas de todas as épocas. "Estou aproveitando essa liberdade e não farei um show fechado. Quero mostrar músicas que há tempos queria cantar de novo, e acredito que o público também esteja com saudade", aposta. Ela vem acompanhada de banda completa: dois violões, guitarra, bateria, percussão, teclado (efeitos e programação), baixo, flauta e trompete. Sobre a guinada na carreira, diz que "acha chato ficar repetindo a mesma fórmula, por isso fui buscar material inédito com compositores nem tão jovens mas que estavam dispersos."

SOLIDÃO PORTÁTIL

O álbum traz duas regravações, "Deixa sangrar" (Caetano Veloso) interpretada nos anos setenta por Gal Costa e que ganha roupagem frevo, o samba "No arrebol" (Wilson Moreira) se transforma em reggae; o pernambucano Lula Queiroga assina "Pavilhão de Espelhos" e "Altos e baixos"; a percussiva "Lua", faixa de abertura que conta com participação da banda A Parede e da Orquestra Criôla do maestro Humberto Araújo. A música é uma parceria de Mário Sève e de Pedro Luís, marido de Roberta Sá, com quem ainda compôs "No bolso", cuja temática trata da solidão portátil que assola a sociedade moderna imersa no universo dos tablets e smarts phones.

PARCERIA COM JORGE DREXLER

No álbum ainda há espaço para a "Segunda Pele", de Carlos Rennó e Gustavo Ruiz, música que segundo a artista remete a memórias de sua origem: "Estava com a ideia de fazer um disco voltado com o olhar para o Nordeste, e essa música fala de um amor que está longe. Acabou virando nome do disco"; e "Esquirlas", do uruguaio Jorge Drexler, primeira música em outro idioma interpretada pela cantora. "Eu queria gravar alguma coisa em outra língua, achei que estava na hora, e decidi começar pelo espanhol que seria mais fácil pra mim. Drexler já conhecia meu trabalho e fez uma música especialmente para este disco", lembrou. Quando o compositor esteve no Brasil participando do Rock in Rio 2011, acabou fazendo um dueto com a cantora.

Sem medo de arriscarO único samba do CD, "Nego e Eu", de João Cavalcanti, foi um presente do compositor. "Queria muito gravar uma canção do João, mas não um samba. Falava pra todo mundo que virou uma coisa meio óbvia. E ele: 'mas o que você quer?' Até que um dia fiz uma participação em um show dele, cantando samba, e foi tão emocionante que percebi que não poderia perder essa emoção que o samba me traz. Então pedi uma música que mostrasse o ponto de vista da mulher que cai no samba". O disco tem produção musical de Rodrigo Campello, que já trabalhou com Roberta em outros discos.

"É bacana trabalhar com essa turma, compositores nem tão da nova geração assim, mas que estavam espalhados e não são tão conhecidos pelo grande público."

BASE FAMILIAR

Consagrada como a melhor cantora de MPB no último Prêmio da Música Brasileira, Roberta Sá não falou apenas de música, suas raízes permanecem aqui no RN. "Tenho ido menos a Natal do que gostaria. Na minha adolescência, tirava um ou dois meses de férias e aproveitava essas praias maravilhosas daí. Minha família inteira deve estar veraneando uma hora dessas".

A cantora disse que, "neste ou no próximo ano", pretende passar um tempo descansando em Natal sem se preocupar com música. "É um projeto pessoal ter uma base aí em Natal, ficar pertinho da minha avó, sinto falta de estar aí sem estar em turnê, sem a correria do trabalho. Simplesmente curtir um pouco a família", garantiu.









Fonte: Tribuna do Norte

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